No dia em que mais uma temporada do cinema se encerra com a 90a edição do Oscar – afirmação muito mais válida para o cinema norte americano, mas ainda assim extremamente relevante ao mundo – um balanço dos filmes de 2017 se faz necessário. Se, em 2016 a falta de diversidade (étnica, racial, social e de gênero) foi escancarada aos holofotes das principais premiações, um sopro de boas iniciativas fez de 2017 um ano com uma ligeira mudança nas apostas dos grandes estúdios (e, evidentemente, dos independentes mais ainda).
Ainda que corramos o risco de supervalorizar algumas obras ou atores apenas por uma questão de minorias – por exemplo, a supervalorização das habilidades de Greta Gerwig como diretora – a minha lista de melhores do ano e também os indicados as premiações trazem bons exemplos de como a arte é – e deve ser – uma expressão contemporânea das características da nossa sociedade: do preconceito racial em Corra! a desigualdade econômica tão bem explorada em Projeto Flórida; da sensação de não pertencimento ao mundo e seu caos (Já não me sinto em casa nesse mundo) a diversidade sexual de uma forma lírica em Me Chame pelo Seu Nome.
Outro traço marcante dos filmes de 2017 foi o humor, que soube ser dosado nos filmes já citados no parágrafo anterior até nas mais psicológicas obras com Trama Fantasma (a incursão de Paul Thomas Anderson num universo à Hitchcock), as sutis ironias em A Forma D’Água ou de forma objetiva em Eu, Tonya. Além disso, a polarização de temas, muitas vezes dentro dos filmes, contribui para histórias com espaço para um grande número de fantásticas atuações de atores coadjuvantes, especialmente os homens.
Então, estes são os meus preferidos do ano:
- Melhor Filme: Corra! (Get Out)
- Melhor Diretor: Sean Baker em Projeto Flórida (The Florida Project)
- Melhor Ator: Daniel Kaluuya em Corra! (Get Out)
- Melhor Atriz: Vicky Krieps em Trama Fantasma (Phantom Thread)
- Melhor Ator Coadjuvante: Jason Mitchell em Mudbound
- Melhor Atriz Coadjuvante: Lauren Metcalf em Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird)
- Melhor roteiro: Corra! (Get Out)
- Melhor documentário: Ícaro (Icarus)
- Melhor montagem: Dunkirk
- Melhor Fotografia: Blade Runner 2049
- Filme(s) mais superestimado(s): Três anúncios para um crime (Three Billboards outside Ebbing, Missouri), Lady Bird: A hora de Voar (Lady Bird)
- Piores filmes do ano: It – A Coisa (It), Alien: Covenant;
E o top15 do ano de 2017:
15 – A Ghost Story de David Lowery
14 – Ícaro (Icarus) de Bryan Fogel
13 – Detroit em rebelião (Detroit) de Kathryn Bigelow
12 – Doentes de Amor (The Big Sick) de Michael Showalter
11 – Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird) de Greta Gerwig
10 – Blade Runner 2049 de Dennis Villeneuve
9 – Logan de James Mangold
8 – A Forma d’água (The Shape of Water) de Guillermo Del Toro
7 – Me Chame Pelo Seu Nome (Call me by your name) de Luca Guadagnino
6 – Trama Fantasma (Phantom Thread) de Paul Thomas Anderson
5 – Eu, Tonya (I, Tonya) de Craig Gillespie
4 – Projeto Flórida (The Florida Project) de Sean Baker
3 – Bom Comportamento (Good Time) de Benny & Josh Safdie
2 – Já Não Me Sinto em Casa Nesse Mundo (I don’t feel at home in this world anymore) de Macon Blair
1 – Corra! (Get Out) de Jordan Peele