What a year! 2023 já parece ter ficado para trás há tanto tempo, mas seu legado cinematográfico não. Na esteira dos Oscars, cabe uma importante constatação: de que os filmes deste último ano certamente o fazem um dos melhores em qualidade da última década. Embora premiações estejam monopolizadas por Oppenheimer, são notáveis os exemplos do cinema em seu máximo. Da cena final de Assassinos da Lua das Flores a atuação de Sandra Hüller em Anatomia de uma Queda (talvez, a melhor coisa de um ano tão bom), ou da construção de tudo que a câmera mostra em Zona de Interesse ao cinema argentino com duas obras primas (ambas com personalidade e auntenticidade); ou ainda do mestre Wim Wenders (e também de Miyazaki) teimando em não se aposentar para entregar qualidade acima da média, são só alguns exemplos de como construir uma lista dos melhores de 2023 é tarefa árdua. Por isso mesmo, o top 10 se tornou top15 nesse ano! Confira a minha lista:
15 – Barbie, de Greta Gerwig
14 – Oppenheimer, de Christopher Nolan
13 – O mal que nos Habita (Cuando acecha la maldad), de Demián Rugna
12 – Pobres Criaturas (Poor Things), de Yorgos Lanthimos
11 – Os Rejeitados (The Holdovers), de Alexander Payne
Top10
10 – O Menino e a Garça (The Boy and the Heron), de Hayao Miyazaki
9 – A Sala de Professores (Teacher’s Lounge), de Ilker Çatak
8 – Vidas Passadas (Past Lives), de Celine Song
7 – Anatomia de uma Queda (Anatomy of a Fall), de Justine Triet
6 – Monster (Kaibutsu), de Hirokazu Koreeda
5 – Os Delinquentes, de Rodrigo Moreno
4 – John Wick 4: Baba Yaga, de Chad Stahelski
3 – Zona de Interesse (Zone of Interest), de Jonathan Glazer
2 – Dias Perfeitos (Perfect Days), de Wim Wenders
1 – Assassinos da Lua das Flores (Killers of the Flower Moon), de Martin Scorsese
Melhor Filme: Assasinos da Lua das Flores
Melhor Diretor: Martin Scorsese emAssassinos da Lua das Flores
Melhor Ator: Leonardo DiCaprio em Assassinos da Lua das Flores
Melhor Atriz: Sandra Hüller em Anatomia de uma Queda
Melhor Ator Coadjuvante: Robert Downey Jr. em Oppenheimer
Melhor Atriz Coadjuvante: Da’Vine Joy Randolph em Os Rejeitados
Melhor roteiro: Zona de Interesse
Melhor montagem: Os Delinquentes
Melhor trilha sonora: Assassinos da Lua das Flores
O ano de 2022 transita para o mundo do cinema como uma vasta rede de experimentos nos filmes que despontam com maior apelo para este espectador. Se a onda de super heróis parece ter atingido seu apogeu e estar em leve queda, abre-se de volta o espaço para novos (ou apenas “atualizados”) experimentos ou mercados, de um filme sul coreano que deve ser grande vencedor do Oscar (quem poderia apostar nisso antes de Parasita abrir caminho?) a outros que tinham tudo para transitar apenas em círculos cult mas que atraem grande público (“Triângulo da Tristeza” e “Aftersun”, por exemplo). No entanto, infelizmente ainda premiações deixam alguns gêneros de fora (“Não! Não Olhe!” é o melhor exemplo), mas o mercado dos distintos serviços de streaming reduz e quase anulo a validação advinda de estatuetas e prêmios. Os meus filmes preferidos de 2022 (lista abaixo), tem algo em comum: são marcados pelo desafio de contar algo novo ou de contar algo conhecido mas com um novo olhar.
10 – Living, de Oliver Hermanus
9 – Navalny, de Daniel Roher (Disponível na HBO Max)
8 – Os Fabelmans, de Steven Spielberg
7 – Nada Novo no Front (All Quiet on the Western Front), de Edward Berger (Disponível na Netflix)
6 – Marcel the Shell with Shoes On, de Dean Fleischer-Camp
5 – Triângulo da Tristeza (Triangle of Sadness), de Ruben Östlund (Disponível no Prime Video)
4 – Os Banshees of Inisherin, de Martin McDonagh
3 – EO, de Jerzy Skolimowski – um burro sem falas, mas mais expressivo na sua jornada que boa parte dos filmes. Sob seu olhar vemos o mundo e nos vemos também.
2 – Não! Não Olhe! (Nope), de Jordan Peele – reciclar e renovar gêneros como suspense e ficção científica sem esquecer de que acima de todas as inovações tecnológicas que cinema de 2022 pode trazer, uma boa história ainda é o mais importante. É “só isso” que Jordan Peele consegue fazer, mais uma vez, brilhantemente.
1 – Aftersun, de Charlotte Wells – (Disponível no Mubi) – um pai e uma filha em uma curta viagem de verão. Qual o impacto desses preciosos momentos na vida da filha? Como se constroem as memórias? E, mais do que tudo, elas são reais? (P.S.: recomendo a leitura da crítica do Pablo Villaça)
Um resumo dos melhores:
Melhor Filme: Aftersun
Melhor Diretor: Charlotte Wells emAftsersun
Melhor Ator: Paul Mescal em Aftersun
Melhor Atriz: Cate Blanchett em Tár
Melhor Ator Coadjuvante: Anthony Hopkins em Armageddon Time
Melhor Atriz Coadjuvante: Angela Bassett em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Melhor roteiro: The Fabelmans
Melhor montagem: Elvis
Melhor trilha sonora: All Quiet on the Western Front
Melhor Fotografia: Nope
Filmes mais superestimados: Everything Everywhere All At Once, Tár, RRR
Piores filmes do ano: Morbius, Blonde, White Noise
Dois mil e vinte um. Ano cinematográfico que vai até a noite dos prêmios Oscar e consigo carrega um ano – ainda – de pandemia (que ficou para trás?), da cena europeia e asiática fazendo frente comercial às produções cults norte americanas e de gratas surpresas como histórias medievais ou de western contadas de forma peculiar, que se por um lado incomoda por fugir de padrões outrora estabelecidos, por outro nos faz lembrar que cinema é arte e arte pode ser sim uma vertente de água cristalina que não tem fim.
Os meus filmes preferidos de 2021 são estes:
10 – Pig, de Michael Sarnoski
9 – Summer of Soul (…ou, Quando a Revolução Não Pôde Ser Televisionada), de Questlove
8 –Noite Passada em Soho (Last Night in Soho), de Edgar Wright
7 – Drive My Car, de Ryusuke Hamaguchi
6 – A Filha Perdida (The lost Daughter), de Maggie Gyllenhaal
5 – Ataque dos Cães (The Power of the Dog), de Jane Campion
4 – Licorice Pizza, de Paul Thomas Anderson
3 – A Pior Pessoa do Mundo (The Worst Person in the World), de Joachim Trier
2 – A Ilha de Bergman (Bergman Island), de Mia Hansen-Løve
1 – The Green Knight, de David Lowery
Um resumo dos melhores:
Melhor Filme: The Green Knight
Melhor Diretor: David Lowery emThe Green Knight
Melhor Ator: Benedict Cumberbatch em Ataque dos Cães
Melhor Atriz: Renate Reinsve em A Pior Pessoa do Mundo
Melhor Ator Coadjuvante: Troy Kotsur em No Ritmo do Coração
Melhor Atriz Coadjuvante: Jessie Buckley em A filha perdida
Melhor roteiro: A Ilha de Bergman
Melhor montagem: Licorice Pizza
Melhor trilha sonora: Ataque dos Cães
Melhor Fotografia: Ataque dos Cães
Filmes mais superestimados: No Ritmo Do Coração; Não Olhe para Cima; Amor, Sublime Amor
Piores filmes do ano: Annette, Um Príncipe em Nova York 2
Pelos motivos errados – a pandemia – chegamos ao ano em que a briga entre cinema x serviços de streaming perdeu força e nunca houve tanta oferta de bons filmes nos catálogos digitais como em 2020. Na tarefa de ver “o copo meio cheio” no caos que imperou globalmente e balançou crenças e convicções, toda a arte foi importante. Encontramos no cinema, em meio a isso, movimentos de retratar histórias que buscam dar voz contundentemente a minorias ou parcelas da sociedade antes não ouvidas apropriadamente, como as empreitadas de Regina King em Uma Noite em Miami ou da série de 5 filmes Small Axe de Steve McQueen, as duas brilhantes abordagens da opressão sexual em Bela Vingança ou A Assistente.
Além disso, a onda global cinematográfica (marcada como uma fase “pós Parasita”) nos aproxima de grandes filmes, da Dinamarca a Coréia do Sul, da Rússia a Romênia. Mas esta visão de arte cinematográfica é ainda muito primária; bom mesmo é assistir um filme que independe da temática, país de origem ou formato e encontrar algo mais nele, uma ideia e forma que repousa na memória muito além do seu final. E estes são os 20 de 2020 que mais me encantaram:
20 – Nunca, Raramente, Às vezes, Sempre (Never Rarely Sometimes Always), de Eliza Hittman (disponível no Telecine Play)
19 – Bela Vingança (Promising Young Woman), de Emerald Fennell
18 – First Cow, de Kelly Richardson
17 – Colectiv – É Tudo Verdade (Collective), de Alexander Nanau (disponível nas plataformas HBO)
16 – A Assistente (The Assistant), de Kitty Green (disponível na Amazon Prime)
15 – Borat Subsequent Moviefilm, de Jason Woliner (disponível na Amazon Prime)
14 – Má Educação (Bad Education), de Cory Finley (disponível nos serviços HBO)
13 – Uma Mulher Alta (Beanpole), de Kantemir Balagov (disponível no Mubi)
12 – Minari, de Lee Isaac Chung
11 – Uma Noite em Miami (One Night in Miami…), de Regina King (disponível na Amazon Prime)
10 – The Forty-Year-Old Version, de Radha Blank (disponível na Netflix)
9 – Nomadland – Sobreviver na América, de Chloe Zhao
8 – A Mulher que Fugiu (The Woman Who Ran), de Sang-Soo Hong (disponível no Mubi)
7 – Martin Eden, de Pietro Marcello (disponível no Mubi)
6 – Druk – Mais uma Rodada (Another Round), de Thomas Vinterberg (disponível no Now Net Streaming)
5 – Agente Duplo (The Mole Agent), de Maite Alberdi (disponível no Globoplay) – “Vendido e divulgado em trailers e materiais promocionais de uma forma totalmente errada, felizmente chegou ao Oscar. Mais do que isso, é uma carta de amor a empatia e valorização da vida em uma das etapas mais esquecidas atualmente”.
4 – Time, de Garrett Bradley (disponível na Amazon Prime) – “Desconcertante. A inquietude que provoca ao questionar certas verdades ou sensos comuns da nossa sociedade vai muito além do final do filme”.
3 – Small Axe: Lovers Rock, de Steve McQueen (em breve disponível na Amazon Prime) – “Não fazia ideia do quanto precisava desse filme. Na sua simplicidade, uma versão mais pura de Dazed and Confused (Jovens, Loucos e Rebeldes) e nem por isso, menos impactante. Som e luz formam elemento central de uma história que cada um certamente já vivenciou a sua versão”.
2 – A Vastidão da Noite (The Vast of Night), de Andrew Patterson (disponível na Amazon Prime) – “No limite da linha tênue entre nostalgia como recurso de roteiro x nostalgia como supérfluo para esconder furos, a Vastidão da Noite é completo, ficção que não se limita a um subgênero. Mais do que o sobrenatural, fala sobre uma época cujo olhar continua a ser fascinante”.
1 – Estou Pensando em Acabar com Tudo, de Charlie Kaufman (disponível na Netflix) – “Metalinguístico. Pretensioso. Pseudointelectual. Para assistir com uma xícara de café. Digno de Kaufman. Mas, mesmo assim principalmente, um estudo de como nossa mente sempre é um terreno mais fértil, ágil e prolífico que nossas ações. Afinal, nós somos o que fazemos ou o que pensamos? ”
Um resumo dos melhores:
Melhor Filme: Estou Pensando em Acabar com Tudo
Melhor Diretor: Steve McQueen emSmall Axe: Lovers Rock
Melhor Ator: Anthony Hopkins em Meu Pai & Chadwick Boseman em A Voz Suprema do Blues
Melhor Atriz: Vasilisa Perelygin em Uma Mulher Alta
Melhor Ator Coadjuvante: Leslie Odom Jr. em Uma Noite em Miami
Melhor Atriz Coadjuvante: Ellen Burstyn em Pieces of a Woman
Melhor roteiro: Estou Pensando em Acabar com Tudo
Melhor montagem: Time
Melhor design de produção: Meu Pai (The Father)
Melhor trilha sonora: Small Axe: Lovers Rock
Melhor Fotografia: Nomadland
Filmes mais superestimados: Mank, Destacamento Blood, Os 7 de Chicago, O Tigre Branco, As Mortes de Dick Johnson
A discussão sobre em qual ano a década termina já foi explicada pelo Buzfeed (https://www.buzzfeed.com/br/luizougui/quando-acaba-a-decada-2019-2020) mas sua conclusão mais aberta que o final de Sopranos me motivou a escrever numa data entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020 a minha lista de melhores filmes da década, ou seja, desde 2010.
A lista, de 25 produções, traz mais duas considerações ou….polêmicas:
a) Uma lista dessas sempre gera o risco de o distanciamento histórico favorecer alguns e prejudicar outros, pois é mais difícil quantificar o quão bem vai “envelhecer” um filme do último ano, especialmente ao compararmos com outro de 2010 ou 2011.
b) Twin Peaks: O retorno foi vendido e classificado pelo estúdio que o produziu como um filme (sendo até indicada a prêmios nessa classificação), mas o bom senso fala mais alto na hora de imaginar que ninguém assistiria os 18 episódios (50 minutos de duração cada um) como um filme. Por isso, uma série (ou filme?) com a qualidade que apresentou entra na lista, mas a parte.
A lista (2010 – 2019):
*Twin Peaks: O Retorno (Twin Peaks The Return)
1 – Cópia Fiel (Certified Copy)
2 – A rede social (Social Network)
3 – A Separação (A Separation)
4 – Holy Motors (Holy Motors)
5 – Divertidamente (Inside Out)
6 – Parasita (Parasite)
7 – O Mestre (The Master)
8 – Grande Hotel Budapeste (Grand Budapest Hotel)
9 – O Som ao Redor (O Som ao Redor)
10 – World of Tomorrow (World of Tomorrow)
11 – Corra! (Get Out)
12 – Guerra Fria (Cold War)
13 – Melancolia (Melancholia)
14 – A Criada (The Handmaiden)
15 – Antes da meia noite (Before Midnight)
16 – Pequeno Quinquin (Lil’ Quinquin)
17 – Você nunca esteve realmente aqui (You Were Never Really Here)
O último ano da década trouxe nas produções do cinema uma dose maior que a costumeira de fórmulas e enredos bem conhecidos. Analisar 2019, sob essa visão, é se frustrar com falta de originalidade nas grandes produções. Numa década em que os blockbusters, em especial da Disney/Marvel, dominaram bilheterias, pareceu mais lógico e seguro aos realizadores manter fórmulas que já funcionaram. Adicionando um ou outro elemento novo e significativo vemos mais uma vez filmes sobre as Guerras Mundiais do século passado (1917, Uma Vida Oculta, Jojo Rabbit), máfia (O Irlandês), nostalgia dos anos 60 (Era uma vez em Hollywood), romances do século XIX (Adoráveis Mulheres). Por isso, que obras como a ficção sul coreana Parasita, altamente crítica e analítica à nossa sociedade atual ou um falso documentário sobre uma lenda musical se sobressaem e estão no topo da minha lista de preferidos. Além desses, peças de originalidade tais quais A Despedida (outro de origem asiática), História de Um Casamento, Joias Brutas,Um Lindo Dia Na Vizinhança ou Nós merecem igualmente destaque. Os meus favoritos de 2019 são:
Melhor Filme: Parasita
Melhor Diretor: Bong Joon-HoemParasita
Melhor Ator: Joaquim Phoenix em Coringa
Melhor Atriz: Lupita Nyong’o em Nós
Melhor Ator Coadjuvante: Al Pacino em O Irlandês
Melhor Atriz Coadjuvante: Shuzhen Zhao em A Despedida
Melhor roteiro: Parasita
Melhor montagem: 1917
Melhor trilha sonora: Coringa
Melhor Fotografia: 1917
Filme mais superestimado: O Escândalo
Piores filmes do ano: Tolkien, X Men: Fênix Negra
E o top15 do ano:
15 – Uma Vida Oculta, de Terrence Malick
14 – Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig
13 – Em trânsito, de Christian Petzold
12 – História de um casamento, de Noah Baumbach
11 – Joias Brutas, de Josh e Ben Safdie
10 – Um lindo dia na Vizinhança, de Marielle Heller
9 – Midsommar: O mal não espera a noite, de Ari Aster
8 – Nós, de Jordan Peele
7 – Dois Papas, de Fernando Meirelles
6 –Fora de série (Booksmart), de Olivia Wilde
5 – O Irlandês, de Martin Scorsese
4 – A Despedida (The Farewell), de Lulu Wang
3 – Era uma Vez em Hollywood, de Quentin Tarantino
O clássico filme de 1946 de Frank Capra A Felicidade Não Se Compra (It’s a Wonderful Life) continua vivo e atual, mais do que nunca nas manifestações da nossa cultura em referencia-lo como um filme obrigatório para época natalina. No entanto, sua atualidade vai além: seus temas centrais, como o individualismo, a vontade de ser mestre do seu destino (representada no frustrado ideal de vida do protagonista) se tornou mais forte desde que o filme foi lançado. Passaram-se as grandes guerras armadas para o “mundo ocidental” e restou o consumo e a falsa sensação de que tudo o que fazemos ou deixamos de fazer é nosso mérito individual, exacerbando um estado de liquidez. Com um aditivo mais recente chamado redes sociais temos um estado caótico muito bem explicado no vídeo do excelente canal Like Stories of Old, intitulado “O Antídoto final ao Cinismo”. Vale (e muito) os 14 minutos – legendado:
Com grandes diferenças em relação às premiações de cinema do ano (2018), em especial ao Oscar, que na sua 91ª edição neste domingo próximo encerra o ciclo das estatuetas dos filmes do último ano, minha lista concentra filme que privilegiam forma e desenvolvimento de conteúdo sobrepondo a temática em si. Assim, escapam dela filmes médios (Green Book ou Nasce uma Estrela) e filmes medíocres (Bohemian Rhapsody) alçados aos maiores prêmios apenas pela hiperxposição de cantores ou preocupação em fazer votantes pensarem que o racismo (e demais preconceitos) está vencido. Dito isso, exemplos de sensibilidade e cadências povoam os meus preferidos de 2018:
Melhor Filme: Você Nunca Esteve Realmente Aqui (You Were Never Really Here)
Melhor Diretor: Lynne Ramsay em Você Nunca Esteve Realmente Aqui (You Were Never Really Here)
Melhor Ator: Joaquim Phoenixem Você Nunca Esteve Realmente Aqui (You Were Never Really Here)
Melhor Atriz: Joanna Kulig em Guerra Fria (Cold War)
Melhor Ator Coadjuvante: Adam Driver em Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman)
Melhor Atriz Coadjuvante: Emma Stone emA Favorita (The Favourite)
Melhor roteiro: The Tale (The Tale)
Melhor montagem: Vice (Vice)
Melhor trilha sonora: OPrimeiro Homem (First Man)
Melhor Fotografia: Guerra Fria (Cold War)
Filme(s) mais superestimado(s): Green Book: O Guia, Bohemian Rhapsody
Piores filmes do ano: Mute
E o top15 do ano:
15 – Vice (Vice), de Adam McKay
14 – Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman), de Spike Lee
13 – Homem Aranha no Aranhaverso (Spider Man into the Spider-verse), de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman
12 – Missão Impossível Efeito Fallout (MI Fallout), de Christopher McQuarrie
11 – The Ballad of Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs), de Joel Coen e Ethan Coen
10 – Support the girls (Support the girls), Andrew Bujalski
9 – Eighth Grade (Eighth Grade), de Bo Burnham
8 – A Favorita (The Favourite), de Yorgos Lanthimos
7 – Roma (Roma), de Alfonso Cuaron
6 – First Reformed (First Reformed), de Paul Schrader
5 – Happy as Lazzaro (Lazzaro Felice), de Alice Rohrwacher
4 – The Tale (The tale), de Jennifer Fox
3 – Sorry to bother you (Sorry to bother you), de Boots Riley
2 – Guerra Fria (Cold War), de Pawel Pawlikowski
1 – Você nunca esteve realmente aqui (You were never really here), de Lynne Ramsay
Filme antigo não significa filme clássico tampouco implica qualidade. Muitos roteiros e direções “preguiçosas” que assistimos hoje já existiam no início do século passado. Então, a apreciação de um filme se volta além da sua época, do tipo de câmera e cores empregadas.
A Malvada (título horroroso para ‘All About Eve‘ de 1950, dirigido por Joseph L. Mankiewicz) é um daqueles exemplos que coloca o cinema como um todo no seu lugar. Um filme em que é possível entender porque qualidade transcende época. Como toda obra depende dos gostos e histórias pessoais de quem a consome, errado é afirmar que alguém “deve ver tal filme“. No entanto, se errado não fosse, A Malvada certamente estaria nessa lista dos must-see da vida. E por quê? Porque, mesmo com famigeradas pausas e ritmo provenientes do cinema da década de 50, constrói uma obra prima onde todo o cast principal atua formidavelmente bem (em destaque Bette Davis) e porque tem no seu desenvolvimento, maturidade (e imaturidade) dos personagens nos seus diálogos algo que ainda se enxerga hoje, os mais primitivos desejos, da vaidade a cobiça, da ironia ao desespero de envelhecer sem deixar nenhum legado. Um filme para assistir sempre que possível.
No dia em que mais uma temporada do cinema se encerra com a 90a edição do Oscar – afirmação muito mais válida para o cinema norte americano, mas ainda assim extremamente relevante ao mundo – um balanço dos filmes de 2017 se faz necessário. Se, em 2016 a falta de diversidade (étnica, racial, social e de gênero) foi escancarada aos holofotes das principais premiações, um sopro de boas iniciativas fez de 2017 um ano com uma ligeira mudança nas apostas dos grandes estúdios (e, evidentemente, dos independentes mais ainda).
Ainda que corramos o risco de supervalorizar algumas obras ou atores apenas por uma questão de minorias – por exemplo, a supervalorização das habilidades de Greta Gerwig como diretora – a minha lista de melhores do ano e também os indicados as premiações trazem bons exemplos de como a arte é – e deve ser – uma expressão contemporânea das características da nossa sociedade: do preconceito racial em Corra! a desigualdade econômica tão bem explorada em Projeto Flórida; da sensação de não pertencimento ao mundo e seu caos (Já não me sinto em casa nesse mundo) a diversidade sexual de uma forma lírica em Me Chame pelo Seu Nome.
Outro traço marcante dos filmes de 2017 foi o humor, que soube ser dosado nos filmes já citados no parágrafo anterior até nas mais psicológicas obras com Trama Fantasma (a incursão de Paul Thomas Anderson num universo à Hitchcock), as sutis ironias em A Forma D’Água ou de forma objetiva em Eu, Tonya. Além disso, a polarização de temas, muitas vezes dentro dos filmes, contribui para histórias com espaço para um grande número de fantásticas atuações de atores coadjuvantes, especialmente os homens.
Então, estes são os meus preferidos do ano:
Melhor Filme: Corra! (Get Out)
Melhor Diretor: Sean Bakerem Projeto Flórida (The Florida Project)
Melhor Ator: Daniel Kaluuya em Corra! (Get Out)
Melhor Atriz: Vicky Krieps em Trama Fantasma (Phantom Thread)
Melhor Ator Coadjuvante: Jason Mitchell em Mudbound
Melhor Atriz Coadjuvante: Lauren Metcalf em Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird)
Melhor roteiro: Corra! (Get Out)
Melhor documentário: Ícaro (Icarus)
Melhor montagem: Dunkirk
Melhor Fotografia: Blade Runner 2049
Filme(s) mais superestimado(s): Três anúncios para um crime (Three Billboards outside Ebbing, Missouri), Lady Bird: A hora de Voar (Lady Bird)
Piores filmes do ano: It – A Coisa (It), Alien: Covenant;
E o top15 do ano de 2017:
15 –A Ghost Story de David Lowery
14 – Ícaro (Icarus) de Bryan Fogel
13 – Detroit em rebelião (Detroit) de Kathryn Bigelow
12 – Doentes de Amor (The Big Sick) de Michael Showalter
11 – Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird) de Greta Gerwig
10 – Blade Runner 2049 de Dennis Villeneuve
9 – Logan de James Mangold
8 – A Forma d’água (The Shape of Water) de Guillermo Del Toro
7 – Me Chame Pelo Seu Nome (Call me by your name) de Luca Guadagnino
6 – Trama Fantasma (Phantom Thread) de Paul Thomas Anderson