Pelos motivos errados – a pandemia – chegamos ao ano em que a briga entre cinema x serviços de streaming perdeu força e nunca houve tanta oferta de bons filmes nos catálogos digitais como em 2020. Na tarefa de ver “o copo meio cheio” no caos que imperou globalmente e balançou crenças e convicções, toda a arte foi importante. Encontramos no cinema, em meio a isso, movimentos de retratar histórias que buscam dar voz contundentemente a minorias ou parcelas da sociedade antes não ouvidas apropriadamente, como as empreitadas de Regina King em Uma Noite em Miami ou da série de 5 filmes Small Axe de Steve McQueen, as duas brilhantes abordagens da opressão sexual em Bela Vingança ou A Assistente.
Além disso, a onda global cinematográfica (marcada como uma fase “pós Parasita”) nos aproxima de grandes filmes, da Dinamarca a Coréia do Sul, da Rússia a Romênia. Mas esta visão de arte cinematográfica é ainda muito primária; bom mesmo é assistir um filme que independe da temática, país de origem ou formato e encontrar algo mais nele, uma ideia e forma que repousa na memória muito além do seu final. E estes são os 20 de 2020 que mais me encantaram:
20 – Nunca, Raramente, Às vezes, Sempre (Never Rarely Sometimes Always), de Eliza Hittman (disponível no Telecine Play)
19 – Bela Vingança (Promising Young Woman), de Emerald Fennell
18 – First Cow, de Kelly Richardson
17 – Colectiv – É Tudo Verdade (Collective), de Alexander Nanau (disponível nas plataformas HBO)
16 – A Assistente (The Assistant), de Kitty Green (disponível na Amazon Prime)
15 – Borat Subsequent Moviefilm, de Jason Woliner (disponível na Amazon Prime)
14 – Má Educação (Bad Education), de Cory Finley (disponível nos serviços HBO)
13 – Uma Mulher Alta (Beanpole), de Kantemir Balagov (disponível no Mubi)
12 – Minari, de Lee Isaac Chung
11 – Uma Noite em Miami (One Night in Miami…), de Regina King (disponível na Amazon Prime)
10 – The Forty-Year-Old Version, de Radha Blank (disponível na Netflix)
9 – Nomadland – Sobreviver na América, de Chloe Zhao
8 – A Mulher que Fugiu (The Woman Who Ran), de Sang-Soo Hong (disponível no Mubi)
7 – Martin Eden, de Pietro Marcello (disponível no Mubi)
6 – Druk – Mais uma Rodada (Another Round), de Thomas Vinterberg (disponível no Now Net Streaming)
5 – Agente Duplo (The Mole Agent), de Maite Alberdi (disponível no Globoplay) – “Vendido e divulgado em trailers e materiais promocionais de uma forma totalmente errada, felizmente chegou ao Oscar. Mais do que isso, é uma carta de amor a empatia e valorização da vida em uma das etapas mais esquecidas atualmente”.
4 – Time, de Garrett Bradley (disponível na Amazon Prime) – “Desconcertante. A inquietude que provoca ao questionar certas verdades ou sensos comuns da nossa sociedade vai muito além do final do filme”.
3 – Small Axe: Lovers Rock, de Steve McQueen (em breve disponível na Amazon Prime) – “Não fazia ideia do quanto precisava desse filme. Na sua simplicidade, uma versão mais pura de Dazed and Confused (Jovens, Loucos e Rebeldes) e nem por isso, menos impactante. Som e luz formam elemento central de uma história que cada um certamente já vivenciou a sua versão”.
2 – A Vastidão da Noite (The Vast of Night), de Andrew Patterson (disponível na Amazon Prime) – “No limite da linha tênue entre nostalgia como recurso de roteiro x nostalgia como supérfluo para esconder furos, a Vastidão da Noite é completo, ficção que não se limita a um subgênero. Mais do que o sobrenatural, fala sobre uma época cujo olhar continua a ser fascinante”.
1 – Estou Pensando em Acabar com Tudo, de Charlie Kaufman (disponível na Netflix) – “Metalinguístico. Pretensioso. Pseudointelectual. Para assistir com uma xícara de café. Digno de Kaufman. Mas, mesmo assim principalmente, um estudo de como nossa mente sempre é um terreno mais fértil, ágil e prolífico que nossas ações. Afinal, nós somos o que fazemos ou o que pensamos? ”
Um resumo dos melhores:
- Melhor Filme: Estou Pensando em Acabar com Tudo
- Melhor Diretor: Steve McQueen em Small Axe: Lovers Rock
- Melhor Ator: Anthony Hopkins em Meu Pai & Chadwick Boseman em A Voz Suprema do Blues
- Melhor Atriz: Vasilisa Perelygin em Uma Mulher Alta
- Melhor Ator Coadjuvante: Leslie Odom Jr. em Uma Noite em Miami
- Melhor Atriz Coadjuvante: Ellen Burstyn em Pieces of a Woman
- Melhor roteiro: Estou Pensando em Acabar com Tudo
- Melhor montagem: Time
- Melhor design de produção: Meu Pai (The Father)
- Melhor trilha sonora: Small Axe: Lovers Rock
- Melhor Fotografia: Nomadland
- Filmes mais superestimados: Mank, Destacamento Blood, Os 7 de Chicago, O Tigre Branco, As Mortes de Dick Johnson
- Piores filmes do ano: Tenet, A Festa de Formatura

Aos filmes de 2020, salute!