Mad Men, a série que acompanhou toda a década de 60 na visão do mundo da publicidade dos EUA (NY, particularmente) chegou ao fim de uma forma – positivamente surpreendente. Enquanto muitos apostavam na morte de Don (que seria premeditada pelo homem que cai dos arranha-céus na sequência de abertura), Matthew Weiner inova e instiga mais uma vez.
Assim como nos Sopranos e seu mítico final, Weiner, um dos produtores e roteiristas daquela série, traz a Mad Men a mesma inquietação na cena final que grava a série como um todo nas nossas mentes devido a 3 fatores:
1 – primeiro a estranheza: se em Sopranos foi uma tela preta que não sabíamos se era problema da transmissão ou não, em Mad Men o comercial da Coca(do vídeo acima) gerou uma dúvida inicial – “qual a intenção disso?”
2 – ambiguidade: com um pouco mais decalma surge a dúvida que será eterna: toda a fuga e o retiro espiritual de Don resultou na volta dele para a publicidade para criar a campanha publicitária da Coca (que é, de fato daquela época, em 1971 e é considerada a maior obra publicitária do refrigerante da história) ou isso é só especulação e ele continuou seu caminho de paz com os hippies? (Em Sopranos a dúvida era mais simples, um “morreu ou não?”)
3 – contexto da mensagem: para isso é bom lembrar do discurso do homem no retiro espiritual, que provoca o choro de Don: a sensação de passar despercebido pelo mundo e sua família e já não saber mais ao certo o que é o amor. Encerrar a série com um ícone do capitalismo nos remete e esse paradigma da publicidade: embora possa conter algumas verdades, é somente um negócio. Que engana os sentimentos e vontades do ser humano ao ponto de nos perdermos nas nossas certezas (algo que já se aplicava para aquele período e continua bem atual).
As luzes se apagam e a música termina: that’s the real thing ?
I’d like to teach the world to sing
In perfect harmony
I’d like to buy the world a Coke
And keep it company
That’s the real thing