Chuva Urbana

Quando chove tudo muda.

O tempo é o mesmo. As pessoas são as mesmas

Mas os sons. Ah, os sons. Esses são diferentes.

As praças ficam vazias. Não há mais risos de crianças ou o coletivo de sons que pessoas fazem em grupo que estando longe apenas se sabe que há vida naquele lugar. Mas ainda há vida, a natureza no seu estado mais primitivo. Sempre esteve ali. E assim deseja permanecer (se nós deixarmos).

Nas ruas, só quem precisa estar. Carros trafegam por poças que antes eram apenas buracos. Passos apressados. Conhece-se até as preferências dos calçados de cada um apenas pelos sons. As conversas cessam. Pragmatismo e objetividade.

Um convite a investir esse tempo numa incrível experiência de sinestesia, na audição e reflexão, ou em apressar as atividades para da chuva escapar. Depende de onde você está.

Aos poucos, mais ou menos tarde, pássaros cantam em algum lugar e entre alguma buzina de carro e outra, você percebe que aquele momento está acabando, a chuva se foi. Você a aproveitou como deveria? Para quem consegue, a beleza e a ironia – da experiência e da vida – no final das contas era apenas água. Do céu.

 

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