É inútil discutir Lion: Uma Jornada Para Casa (2016, Lion) como um filme ou explorar seus aspectos de produção, direção, roteiro e atuações. É uma obra que trabalha na mediocridade nesses quesitos, isto é, nem se destaca nem fica devendo, parecendo um belo exemplar de um telefilme (filme feito para a TV) da HBO.
O que realmente importa neste filme é a sua ligação com o mundo real. Ao acreditarmos que se trata de uma história real (eu não pesquisei o quanto é realidade e o quanto foi “ficcionalizado” pelo diretor Garth Davis), de que o menino indiano que se perdeu aos 6 anos e 25 anos depois, morando num país diferente e com cultura totalmente distinta (Austrália) consegue refazer o caminho de casa para encontrar a mãe biológica precisamos parar de pensar ou criticar muito do filme. Esta capacidade extraordinária de o mundo produzir inúmeras histórias fantásticas diariamente é uma obra de arte tão fantástica que supera quaisquer filmes. Enfim, Lion é um filme que deve ser visto como uma ode não ao cinema, mas a imprevisibilidade que o mundo – na verdade, estar vivo – reserva a quem dele fez ou faz parte.