Aquarius (2016)

Aquarius (2016) é o segundo filme do anteriormente crítico de cinema e jornalista Kleber Mendonça Filho e, depois da grande obra O Som Ao Redor (2012) é inevitável não olhar os trabalhos do pernambucano com maior atenção.

Deixando de lado todo o viés político que o filme tomou no contexto do “impeachment” de Dilma Rousseff e a retaliação da não indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o filme surpreende ao ser menos virtuoso que O Som Ao Redor no engajamento de sua temática. No Som Ao Redor, através de impecável roteiro, design de produção, rimas fotográficas e efeitos sonoros o espectador é tomado para dentro da história, percebendo a verossimilhança do cotidiano de Recife com qualquer outra cidade do país, culminando com uma única e bela sensação de se sentir parte da rua/condomínio onde o filme tem sua história. Já em Aquarius, a história não é tão abrangente. Ao voltar-se a uma realidade mais específica (da especulação imobiliária) como mote da história, o filme perde considerável força do engajamento, mesmo que isso não seja um pré-requisito para um bom filme.

Mesmo assim, o modo simples e exemplar de retratar Recife e as personagens (destaque para as imagens do post), mostrando suas desigualdades sem sentimentalismo ainda está presente na direção de KMF e o roteiro escrito com simplicidade e, por vezes, na pressa é melhorado magnificamente por Sonia Braga, protagonista e grande acerto do filme. Mesclando uma dicção calma com uma postura firme, as suas falas são ditas numa naturalidade invejável, digna de um diálogo real muito longe de quaisquer câmeras. Uma das grandes atuações do ano em um bom filme que valoriza o cinema nacional.

Um comentário sobre “Aquarius (2016)

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